Durante a copa do mundo 2018, mais de 70.000 brasileiros viajaram para a Rússia para torcer por seu país no campeonato. Eventos como este movimentam a economia nos mais diversos setores. No turismo, por exemplo, de acordo com a Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp) as vendas de passagens aéreas aumentaram 17,48% no primeiro trimestre se comparado ao mesmo período do ano anterior.
Entretanto, além do setor financeiro, o evento internacional levanta uma discussão entre as autoridades de saúde em relação à incidência de tromboembolismo venoso em pessoas que se submeteram a longas viagens, sobretudo as realizadas de avião. Tomando a copa como exemplo, mesmo com escalas, existe 14.468 quilômetros que separam o Brasil e a Rússia, cerca de 18h de viagem. Para entender o seu impacto no corpo humano precisamos compreender primeiro como a trombose se desenvolve.
O tromboembolismo venoso ou trombose, como é mais conhecida, acontece quando ocorre a formação de um coágulo (trombo) no interior das veias, sobretudo as mais profundas, como as das coxas e das pernas. A condição pode provocar dor acompanhada de inchaço, sensibilidade e aumento da temperatura na região. Entretanto, o caso se agrava quando o trombo se desprende e obstrui a artéria pulmonar ou um de seus ramos causando a embolia pulmonar.
Segundo a pneumologista Dra. Andréa Sette, a evolução do quadro de trombose para a embolia nos pulmões ocorre em cerca de 15% dos pacientes adoecidos após se submeterem a longas viagens, sobretudo as realizadas de avião, onde aumenta o risco de desenvolver a doença em decorrência do excesso de tempo que se fica parado.
Uma viagem considerada longa e capaz de oferecer danos ao organismo é aquela que ultrapassa três horas de voo ou estrada. Realizar um percurso longo, seja para outra cidade, estado ou país, requer muitos cuidados, sendo importante manter a saúde sempre em dia. Além disso, a doutora destaca alguns fatores que aumentam a ocorrência da doença:
Pressão alta, problemas vasculares prévios, tabagismo, insuficiência cardíaca, idade avançada, reposição hormonal, obesidade, uso de anticoncepcional oral, entre outros. Então, se você acha que se encaixa em algum desses quadros e precisa, ou pretende, fazer uma viagem longa consulte seu médico de confiança.
Por fim, a pneumologista alerta para a necessidade de ficar atento a alguns sintomas da doença, como a dor repentina no peito principalmente durante a respiração, batimentos cardíacos e respiração acelerados, mal estar, tontura e palidez. Tosse seca ou com sangue também podem ocorrer.
O tratamento deve ser iniciado o mais rapidamente possível após o diagnóstico, pois se trata de uma doença grave com mortalidade quatro vezes maior quando o tratamento não é instituído.